segunda-feira, 21 de abril de 2014

QUILOMBO: PoVoado Vila Nova, 12km da Sede do município de Biritinga-Ba, Estrada Biritinga à Vila do Alto


Comunidade de Biritinga reconhecida como remanescente de Quilombo

[17.09.2010]


Seu Jacinto Costa da comunidade de Vila Nova em Biritinga relata como surgiu a comunidade e o reconhecimento da comunidade como remanescente de Quilombo: Em 1886 uma escrava fugida, chamada Filipa Preta teve duas filhas com o dono da senzala, o Tenente Eloir. Uma das filhas, Hostiana, casou se com Pedro Cabeça e veio morar nas chamadas “Terras do sem fim”, que eram terras sem dono, mais tarde doadas pela igreja aos escravos fugidos. Pedro Cabeça para ter domínio sobre as terras passou a abrigar escravos fugidos para viverem nestas terras.


Do município de Ouriçangas vieram várias escravas fugidas do castigo do tronco da fazenda Ouricanguinha. Também vieram alguns escravos libertos por cartas de alforria. Na década de sessenta o então prefeito mandou  construir uma cisterna. Na década de oitenta foi construída uma escola e um campo de futebol.


O povoado de Vila Nova expressa aspectos da sua cultura Quilombola materializados através do artesanato, chapéus e esteiras feitos de palhas de uma palmeira nativa da região chamada Ariri de maneira anacrônica.


Ao decorrer das entrevistas que a assistente social, Marília Lobo Pedreira,  realizou no povoado em 2008 foi observado uma dificuldade em obter informações sobre a origem das famílias que vieram do município de Ouriçangas. Dos poucos relatos que foram obtidos foi feita a hipótese de que ao fugirem da fazenda os escravos perpassaram informações para todos os outros “que não era pra falar de suas origens de escravos”, porque poderiam perder as terras ou ser forçados a voltarem para a fazenda Ouriçanguinha e serem escravos novamente.


Estas informações foram perpassadas de geração em geração. Por este motivo existe até hoje um medo e preconceito em informar a origem. Sendo assim, “a comunidade vive numa realidade cheia de conflitos e choques culturais, preconceitos e medos que foram perpassados estando enraizados há décadas,” informa Marília Lobo Pedreira no seu projeto de pesquisa (Levantamentos de Dados de sócio-histórico do Povoado Vila Nova, Município de Biritinga-BA 2008).
Ao tentar resgatar um pouco mais sobre a história da palha fomos entrevistar duas ancestrais do artesanato de palha. Maltires Luciana dos Santos de 98 anos conta, que a mãe dela vivia do extrativismo. Ela extraía vários materiais da caatinga (resinas, frutos etc) para o consumo da casa e para a venda. Dona Maltires até hoje produz esteiras que ela diz que “vendia a vida toda”.


Dona Almerinda de Jesus de 86 anos conta, que ela aprendeu a “tecer palha por natureza - quando vi os outros tecer, desde menina, mas teci brincando. Eu ia também junto pra arrancar, aprendi vários trançados, e eu também vendia, 22 braças (corresponde a 44 m) por R$ 1,20.” E ela continua relatando que “quando o pai das crianças me deixou, eu tinha 6 filhos e o menor estava na barriga, isso foi em 1960. Aí eu botava as crianças pra tecer e eu cozia chapéu e vendia.”


Em 21 de junho de 2010 a comunidade de Vila Nova foi certificada como Remanescentes de Quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Os as remanescentes de quilombo estão organizados pela Associação Comunitária Vilas Unidas filiada a Arco Sertão, é que tem sua principal atividade produtiva o artesanato de palha envolvendo quinze mulheres.  

http://www.moc.org.br/noticias_exibir.php?mostrar=365



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